Desafio Poético com Imagens - Imagem: E. Zola
Disseram-lhe
para não voltar.
Falaram-lhe que
o tempo passa.
Que a tempestade
prometida desabou sem
deixar sobreviventes.
E ainda é ontem, contudo.
O tempo parou na
hora em que ele
jogou a lingerie
aos pés da cama
[“Diz que me ama, diz!"]
Antes que as águas
inundassem o mundo.
Antes que o rio fizesse
flutuar a roupa íntima
botas, brincos e anéis...
Era preciso urgência
nas carícias e no gozo.
A tempestade prometida
desabaria a qualquer minuto.
Ela chegou com medo
de que o passado pudesse
pôr fim aos sonhos que
ainda persistiam agora.
Mas ainda é ontem.
O fim está, eternamente,
prestes a acontecer
Ela não sabe.
Receia o que
aconteceu há anos.
Não vê que o sol brilha
e que a relva verde mistura-se
agora a pedaços de concreto
da casa, da vida que já não há...
No seu sonho
ainda há tempo de viver
desesperadamente.
3 comentários:
mesmo que hoje seja ontem e ontem outro tempo qualquer, há irreprimíveis e irreparáveis vivemos à margem do calendário. são assim as inevitabilidades e urgências de se ser.
beijinho grande!
o tempo é sempre um futuro em pretérito
beijo
As margens do tempo são inalcançáveis. São sempre margens que se ilimitam em novas margens num movimento de alteração e errância.
Mas no circuito da minha fala quero deixar uma abraço carinhoso, afetuoso, fraternal a essa poeta maior; à lira que me chama, chama a ti também e não é apenas coincidência que tenhamos o mesmo signo.
Um abraço que se detenha, que se desenrole, se equilibre nos teus braços na comemoração das primaveras que também nos une.
Beijos, minha querida amiga.
P.S.: Parabéns de aniversário, dizem, não deve ser antes.
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