15 de novembro de 2011

Entre a noite e o dia

Com o olhar dos deuses
Ficaram desertos meus olhos
Apagou-se o facho
Que acendia a íris
Esmaeceu-se nos céus
O arco-íris
E uma rima escapou-me
Sem eu querer.

Um punhal incandescente
Removeu um globo ocular
E descobri que os deuses
Amavam-me pela metade
Como se soubessem que
a dois senhores eu pertencia.

Era luz e escuridão
Êxtase e terror
Era amor dividido
Entre a noite e o dia.

14 comentários:

na vinha do verso disse...

duas faces que se dão
em amor sem dilema

pelo poema

abração

Andrea de Godoy Neto disse...

essa dualidade que nos habita...

Tânia, lembrei daquelas pessoas que tem olhar ensolarado, sabe? acho que todo mundo conhece alguém assim, os olhos sempre brilhando, parecem que trazem a luz do dia...acho tão bonito, queria ter olhos assim, sempre penso nisso, gosto da sensação que eles transmitem. Mas não são, meus olhos têm luz e sombra, revelam e ocultam, por mais transparente que sejam (e são).

belo poema, "a dor e a delícia de ser como é"
beijo!

Maria Emilia Xavier disse...

É Essa dualidade que te permite ao largar pela folha palavras, formar incríveis Poemas.

Unknown disse...

dialeticamente entre os opostos, como um feitiço da lua


beijo

Sândrio cândido. disse...

parece-me um pouso Nietzsche isto, gostei da imagem do punhal...
abraços

Bípede Falante disse...

Amor pela metade causa o dobro de tudo!
beijosss

marlene edir severino disse...

E somos ora luz, ora escuridão
ainda às vezes ficamos entre um e outro
multifacetados

Beijão, Tânia!

cirandeira disse...

Teus olhos ficaram desertos para
serem habitados pelo poema que é o
elo entre a noite e o dia: a UNIDADE fêz-se presente!, pois a poesia tem esse poder encantatório!

beijos

Luiza Maciel Nogueira disse...

Belíssimo esses versos encobertos por vezes em violetas tímidas. Beijos

Celso Mendes disse...

Entre a noite e o dia, o deserto nos olhos. Uma tonalidade gótica, uma dualidade de tons a lembrar que todos somos um tanto bipolares.

Adorei, Tânia.

Beijo.

Cris de Souza disse...

entre a noite e o dia tecestes uma bela poesia.

um duplo beijo, violeta!

Mar Arável disse...

O corpo e alma

inteiros

AC disse...

Tânia,
A vida ensina-nos que as certezas são cantos de sereia, e que cada um tem que dar sustentáculo à sua realidade, traduzido na construção de pontes entre as diversas ilhas. É neste contexto que vale a pena apostar na engenharia. ;)

Beijo :)

Jorge Pimenta disse...

quanto da inteireza se constrói a partir das dualidades? - "querendo quero o infinito/ fazendo nada é verdade [f. pessoa]
beijinho, querida amiga!