16 de janeiro de 2011

A última máscara


Desunidas
Sílabas se abrigam
Nas dobras do silêncio
E ocultam a palavra
Que não pode ser dita.

A bendita palavra
Tem força de ventania
E arrebata do rosto
A máscara da agonia
Que aprisiona o deus
Sob a pele pálida do homem.

E é calado diante do espelho
Que o homem de carne flácida
Começa a despedir-se de
Sua última máscara.

16 comentários:

Marcantonio disse...

Tânia, tomei como o mais gratificante dos elogios o seu comentário lá no Diário, e de alguma forma o retribuo aqui com o mesmo termo: inquietante. Você foi a fundo nesse poema, seguindo, aliás, a trilha aberta desde que você voltou a postar com mais frequência. Venho sentindo uma mudança de clave aqui, uma mirada menos emotiva e mais filosófica nos abismos das nossas contradições. Não sei se expresso bem a minha intuição a esse respeito. Mas tudo bem.

Achei sobretudo admirável a última estrofe com essa rima quase cabralina entre flácida e máscara!

Abraços!

Ana Claudia disse...

Muito bom. Máscaras... elas e nós.

Emilene Lopes disse...

Olá Tania!

Às vezes acho que nossa vida está sempre nas entrelinhas...

Belo poema!

Bjs

Mila

Gisela Ramos Rosa disse...

Um beijo para você Tânia.
Por suas palavras aqui,
por suas palavras também na Matriz.

Gisela

Zélia Guardiano disse...

Magnífico poema, minha querida Tania Regina!
O homem de carne flácida...
Muito, muito profundo!
Bravo!
Abraço bem apertado, amiga!

Unknown disse...

"cai o rei de espadas, cai o rei de ouros, cai não fica nada'


beijo

Celeste Carneiro disse...

Excelente, Tânia!

Quando sairá um livro seu?
Parabéns pelo entrelaçar das palavras e o aprofundar dos significados conduzidos por símbolos que nos falam de perto.

Abraços,
Celeste Carneiro

Juan Moravagine Carneiro disse...

a representatividade existentente em seus versos nos encaminha aos mais variados destinos...

abraços!

Non je ne regrette rien: Ediney Santana disse...

"A máscara da agonia
Que aprisiona o deus
Sob a pele pálida do homem"
e si por aí muitos homens e mulheres tivessem isso comocerto,muitas dores seriam evitadas

Jorge Pimenta disse...

taninha,
não será o homem a face mais espúria das palavras desferindo golpes sangrentos sob a pátina da erudição? e pela palavra se ergue homem, herói, deus. tragam os espelhos - a carne é flácida, pois então... vede!
comprem-se os silêncios (e as máscaras desprenderão os rostos pegajosos que se escondem, trans-lúcidas).
textaço este!
beijinho, querida amiga!

AC disse...

Seria um excelente sinal a queda da máscara, mas infelizmente o homem continua a ter pavor da sua nudez...
Gostei muito!

Beijo :)

silvia zappia disse...

caerá la máscara.
podrán decirse todas las palabras?

besos*

Abstratos Insólitos disse...

Maravilha de blog, eu li os post recentes, foi uma viajem com toda a minha percepção aguçada absorvi teus poéticos post num banquete degustado pela alma, parabéns teu blog é demais de lindo!

Juci Barros disse...

Não há máscara que resista ao espelho.
Beijos.

Rita Contreiras disse...

Uma morte e um nascimento...

Neuzza Pinheiro disse...

nascer é uma morte
morrer
é retornar...

um beijo Rita
meu Spirituals agradece
a sua mensagem.