27 de dezembro de 2010

Alarido


Tiro a tinta verde
Da parede invisível
Quero agora o impossível
Da minha cor primeva.

Hei de emudecer
Por longos anos
E aprender a palavra única
Que traduza os infinitos
Que teimo em dizer.

No espelho
Olhos de abismos me tragam
Até desvanecer o alarido
Do meu semblante.

9 comentários:

AC disse...

Todos ambicionamos conhecer a palavra primitiva, aquela que define o verdadeiro nome das coisas...
(A sua sensibilidade toca sempre)

Beijo :)

Lua Nova disse...

O ser "ego" é barulhento, tumultuado,
incontido... ás vezes, precisamos calar a natureza mais vil para que ouçamos os sons primevos do abismo do qual fugimos... nosso eu verdadeiro e puro.

Minha cara, que 2011 seja repleto de alegrias e realizações que a façam muito feliz.
Beijokas.

Unknown disse...

traduzir os infinitos, quem dera

poesia de profundis


beijo

Gustavo disse...

Arrebentou nesta, Tania. Maravilhosa!

Aplauso empolgado!

Anônimo disse...

Adorei demais.
Quanta profundidade...

Andrea de Godoy Neto disse...

Tânia, esses olhos de abismo é que te fazem enxergar tão fundo


um beijo
e muitos dias de dizeres sobre os infinitos
e todos os dias de pensamentos de luz

Anônimo disse...

Tania Lindo gostei mas gostava de conhecer o que é permitido. Feliz 2011 e que o novo ano traga tudo de bom para ti e familia.
Beijos
Santa Cruz

O Neto do Herculano disse...

Tingir
emudecer
observar

Adeus, ano novo!

Marcantonio disse...

É daqueles poemas em que a primeira pessoa do singular ressoa como plural ao falar de ânsias e inquietudes de todo humano, do humano animal metafísico.
Vem do mesmo fundo denso de onde surgiu o "Face Côncava".

Que bom que apenas quatro dias os separam como postagem!

Abraços, Tânia.