23 de novembro de 2013

Olhar oblíquo




Do Desafio Poético com Imagens - Arte: Trevor Huddleѕton

Tudo igual
Tudo exatamente igual
Na memória das máquinas
Há pranchas pra cabelo
Luzes que aloiram os fios
Suplementos energéticos
Férias para compras em Miami. 

A direção é a mesma
Todas postas em fila
Globos oculares fixos
No destino único que
Um dia alguém traçou.

Tudo igual
Tudo exatamente igual
Na memória das máquinas
Não fosse um olhar oblíquo
Insurgindo-se contra a sina
De ser somente mais um.

15 comentários:

Ira Buscacio disse...

Um olhar oblíquo! é minha cartilha e a que uso para ajudar minhas filhas, e neta, a crescerem sem a sina de ser mais um.

Que poema genial, Taninha, só você pra desenhar essa questão, e que mexe mt comigo, sem cair num lugar comum. É que não poderia ser de outra forma para quem tem dois olhos oblíquos, você, minha gostadíssima

bj grande

na vinha do verso disse...

este olhar
tua bela poesia

abs mana

dade amorim disse...

Concordo inteiramente com a Ira.
Ser somente mais um tem que ter uma insurgência.

Beijo

Joelma B. disse...

olhamos a imagem sob a mesma perspectiva... mas teu jeito de passear por ela foi único!

beijos, musa das musas!

Unknown disse...

exército de um homem só

um mais um
uma soma tão igual


beijo

José Carlos Sant Anna disse...

Este olhar oblíquo é a reconstituição de um todo inorgânico que é a sociedade em que vivemos. Nudez e clareza traduzem com fidelidade a força do poema. Não há como escapar da sucessão de imagens que o seu poema sugere. Olhar oblíquo para o que sugere a imagem, olhar certeiro para traduzi-la.
Beijo, minha querida Tania,

Cris de Souza disse...

Teu olhar é inigualável...

Beijo, violeta rara*

AC disse...

Um olhar precioso - porque quase único - uma espécie de esperança num novo respirar...

Beijo :)

marlene edir severino disse...

Oblíquo olhar
a mudar
a maneira de ver

Bem interessante teu olhar
nesta imagem, Tânia!

Beijão!

Anônimo disse...

Senti em meus ouvidos as vozes das máquinas se repetindo: tudo igual, tudo exatamente igual.

Vamos pra roça? Eu amo!!!

Beijo :))

Ana Cecilia Romeu disse...

Taninha,
recém vim da Jô e li a resposta poética dela a este desafio da imagem. Interessante e rico perceber as impressões subjetivas de cada poeta.

Ampliar o ângulo de visão é ampliar a vida e o universo do Eu em quantos "eus" couberem em apenas uma.

Beijos!

Unknown disse...

a triste sina do homem sem conhecer o rosto ou a essência do verbo ser...

beijos, taninha!

Fred Caju disse...

Pensei na Capitu e nos seus "olhos de cigana oblíqua e dissimulada".

Primeira Pessoa disse...

teremos nos tornado isto mesmo, clones de franksteins?
a poesia nos salva.
beijo, taninha.

r.

Sônia Brandão disse...

Na memória das máquinas, na memória dos homens máquina, tudo igual. Poucos são os que conseguem olhar pra outra direção.

Belo trabalho, Tânia.
bjs