9 de junho de 2013

Revolução





Arte: Yves Lecoq

começa pelos olhos
uma revolução:
atenta-te para isso.

há um cheiro fétido
de movimentos repetidos
necrose nos pescoços conduzidos
pelas mãos viciadas
do maestro

começa pelos olhos
uma revolução:
atenta-te para isso.

antes de  libertar
tua fúria, fecha os olhos
incendeia os cílios ressecados
forja a sonolência dos gados
acomodados e então vai:

que o punhal perfure tua íris
entoando o refrão vermelho
que tingirá a manada entorpecida.

10 comentários:

António Eduardo Lico disse...

Bela poesia Tania.
Bom resto de Domingo.

na vinha do verso disse...


que nos revire os olhos
e revolta os sentidos

abs Tânia

cirandeira disse...

E começando pelos olhos, sinto-me
fortemente tocada pela imagem dos bois acuados e imóveis diante da figura mestra!
Teu poema ecoa como um berrante a
chocalhar multidões apáticas, indiferentes e/ou ensimesmadas!
Belo berro poético!!!

beijos, Tânia

Unknown disse...

o refrão vermelho
rubros sons de uma sinfonia



beijo

Unknown disse...

cegueira para melodias azuis onde cada imagem é apenas incêndio em deturpação oblíqua - adorei, taninha... porque senti, mais do que vi.

beijo!

José Carlos Sant Anna disse...

Uma conversão extraordinária que você fez da imagem: um olhar atento que percebe o que está escondido atrás da boiada dócil ao comando do maestro. Este modo de abismar o poético para denunciar o social é que faz do seu poema uma fortaleza.
beijos

Anônimo disse...

Causou Grande revolução!
Beijo, Tânia

dade amorim disse...

Um bom poema, chama a atenção e tem apelo, Tania!

Beijo beijo.

Cris de Souza disse...

A mão escarlate quando não lateja, bate.

Beijo, violeta!

Cissa Romeu disse...

Assim seja, Taninha.
Que o acordar nos mostre sonhos; e não pesadelos.

Beijos!