Grávido
há tantos anos
esse olhar grávido
cavidade profunda
abrigo de riscos.
contraem-se
as pupilas
em rebate falso:
nada nasce
senão a promessa
difusa
de que a caixa
será aberta
por quem souber
acalentar o oceano
nos braços.
é uma gravidez
de risco
a qualquer hora
pode verter o sangue
pode sujar-se
a camisa branca
ou a máscara que usa
em dias de festa.
e, sim, tens razão:
isso não são olhos
são ventres
em movimentos
avessos ao parto.
10 comentários:
O olhar da Sophia Loren
me fecunda.
a vontade que eu tive foi dizer um palavrão! na intenção de poder expressar o que senti. Tanita, você está com a corda toda a nos amarrar às tuas palavras e nos viciar em impressões que pulsam... maravilha, dona moça.
um beijo.
avessos ao parto: mas que vicejam
belo, belo
beijo
Tive a msma vontade da Nôra, mas não vou deixar passar
Caraleeeoooooooo!
bj, minha Taninha
Maravilha de poema, Tânia. Tocada pela realidade, você põe arte onde pulsa a vida e põe vida onde pulsa a arte. Em Grávido, as palavras encontraram o seu lugar.
beijoss
Como dizia Antonio Machado:
"O olho que te vê não é olho porque
tu o vês. É olho porque te vê."
São como dois espelhos que refletem
a contraface de um e do outro que se esconde dentro de nós!
Quanto mais engravidas mais fertilizas a tua poesia!!!
beijosss
gravidez de sacerdotisa
traz esse olhar no ventre
...
Que poema belo!
beijo carinhoso,
Tânia.
"e, sim, tens razão:
isso não são olhos
são ventres
em movimentos
avessos ao parto."
segurar oceanos pelos braços em olhares descruzados de partos - o ventre da tua poesia esventra. e sigo seguindo mesmo encharcado de sangue.
oh, que maravilha!!!
beijos!
Prematuro não me parece ser...
Outro beijo!
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