14 de novembro de 2012

Deuses ausentes






Acomete-me a dor
dos deuses ausentes
a mudez do oráculo
as cicatrizes
das asas arrancadas
por bisturi.

Retiraram a fórceps
a criança estendida
ao longo do ventre
mataram a semente
da árvore a parir.

Tenho sonhos encobertos
por tarjas pretas
lucidez que desfaz o vermelho
do céu para o qual eu erguia o olhar
esperando que as estrelas
sangrassem sobre a minha pele.

16 comentários:

Unknown disse...

E com sagaz sutileza faz-se de uma real estupidez, o lírico e poético expressar da dor.
Ficamos eufóricos com demasia conjunção de palavras, acometido de beleza poética.
Parabéns
Abraço

Unknown disse...

Ah, ia esquecendo, a imagem também de uma sutileza e beleza incomum para o tema.
Abraço de novo.

Anônimo disse...

"sonhos encobertos
por tarjas pretas"

Deuses ausentes ou inexistentes, não há diferença, as orações voltam em eco.

Belo poema, Tânia!
Beijo.

Unknown disse...

muito bonito seu estilo.

José Carlos Sant Anna disse...

O Tãnia, sei que você percebeu meu desencontro no comentário na postagem Desamparo, mas foi elegante. Escrevi para Cirandeira no espaço que deveria ter sido para você. Poderia brincar: como é o nome do filme? Já respondo: "Trocando as bolas". Meu pedido de desculpas.
Como já somos uma família, sei que estou penitenciado e as culpas remidas.
Poema fortissimo, Tânia. Não há como destacar um verso, mas a beleza da construção em que o Eu deixa claro a sensação de vazio, a dor provocada pela ausência dos deuses e a visão mítica do olhar para céus, como se lá pudéssemos encontrar as respostas às dúvidas existenciais: "erguia o olhar esperando que as estrelas sangrassem sobre a minha pele".
beijoss,

LauraAlberto disse...

quantas são as sementes em nós que nunca floriram?

adorei

beijinho

Otávio M. Silva disse...

Profundo e forte. Quase uma oração antiga. Sim, por muitas vezes nos vemos sós e sempre precisamos de alguém por quem rogar...

http://himperiter.blogspot.com

Adriana Riess Karnal disse...

Tânia,
triste, triste, guria!

Unknown disse...

os deuses sangram
os meus olhos
quando os fito: aflito



beijo

J Araújo disse...

Tânia, na sua poesia você disse que os deuses estavam ausentes. Na verdade, não tem a minima importância a ausência dos deuses quando se o DEUS verdadeiro no coração.

Continue poetizando a vida.

Bj

R. Vieira disse...

Ual!!!

Que intenso teu poema Tânia! ainda em estado de admiração!

Unknown disse...

no dia em que as estrelas sangrarem sobre a pele deixo de me preocupar com os deuses que não aprenderam a rezar.

beijos, taninha!

Domingos Barroso disse...

permita-me beijar os seus pés...



dade amorim disse...

O que a vida nos apresenta de luta, dificuldades e tristeza faz sangrar o coração.
Beijo, Tania.

Joelma B. disse...

céu sangrento... pele em arrebol!

linda imagem poética, Tania!

beijo!

Wilson Caritta disse...

Tenho sonhos encobertos
por tarjas pretas
lucidez que desfaz o vermelho
do céu para o qual eu erguia o olhar
esperando que as estrelas
sangrassem sobre a minha pele.

Sem palavras, lindo poema!
bjos.