20 de novembro de 2012

Deflora-me!




(Ao poeta Manoel de Barros)



Manoel,
me tira a roupa
e esfrega teu corpo nu
no cume róseo
das minhas montanhas.

Sou feita de peles
sucessivas
pano que me adjetiva
quando me quero
substantivada.

Manoel,
despe-me
desse cetim
derme
epiderme
tecidos subcutâneos
que abafam meu íntimo som.

Rompe- me a carne
deflora-me as extremidades 
do osso
e no oco sopra a canção
mais antiga
do tempo em que
eu dançava
freneticamente
em volta da fogueira.

23 comentários:

Joelma B. disse...

Manoel é bom demais... e teu texto, que delícia escorregar por ele como se pele fosse pedindo carícia! Adorei!

beijo, beijo, Tania poeta!

O Neto do Herculano disse...

Se eu fosse Manoel,
com tanta poesia,
jamais recusaria o convite.

Unknown disse...

Manoel galgou o céu na imersão de tanta imensidão: de flora a flor


beijo

Primeira Pessoa disse...

manuel,
aflora!!!

Batom e poesias disse...

Bonito demais.
bj

Rossana

R. Vieira disse...

Ual... Que lindo!
Amando tua forma de escrita!
Um abraço Tania!

na vinha do verso disse...


manoel,
pele afora

José Carlos Sant Anna disse...

Se eu me chamasse Manuel
também ganharia este céu?
beijoss,

Ira Buscacio disse...

Eu já imaginava que dançastes em volta da fogueira, pois, há marcas dos feitiços nas mãos. E vc ainda me fala de arrancar pele... fala sério! Manoel deve estar um um sorrisão na boca

dade amorim disse...

A poesia de Manoel de Barros era assim, meiga, cheia de carinho. Por isso ele envolveu tanta gente e criou admiradores com amor.
Teu poema transcende o que diz e acompanha o calor dessa fogueira.
Bjss

Domingos Barroso disse...

um suspiro interminável o meu...


beijo carinhoso,Tânia -
boa noite e ótimos sonhos
...

Domingos Barroso disse...

"Sou feita de peles
sucessivas
pano que me adjetiva
quando me quero
substantivada."

sabe aquelas moedas encantadas
que precisam de muitas mãos,
do calor de muitas mãos,
para brilharem cada vez
mais cintilantes?

ei-la aí em cima.

Wilson Caritta disse...

vou dar um repique neste verso:

sou feita de peles
sucessivas
pano que me adjetiva...

reverências poeta, Tania... bjo!

Daniela Delias disse...

Uau!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Que poema lindo.
Simplesmente lindo, Taninha!
Beijos!

Francisco Coimbra disse...

OLHAR

olho o alvo
eriçando-se
nu centro

seu peito
deixa-me

olhar livre!
Assim

LIVRE

entregue
às palavras
sirvo-me

inspiração
quente

bem dentro(!)
Mim

Parabéns!

Bípede Falante disse...

Entre posses e possuídos surgem tantas surpresas...

Adorei :)

beijoss

cirandeira disse...

Poema lindo, maravilhoso!
Manoel conseguiu rasgar, deflorar
a poesia que há em ti(e já faz algum tempo)de uma maneira suave,
carinhosa, e crescente e cheia de
tesão!!!
PARABÉNS! PARABÉNS!!!

beijos, querida!

M. disse...

Eh, Manoel sortudo. Que lindo poema.

Márcia Luz disse...

Uau! Que forte, Tânia!
Amo Manoel de Barros e você captou tão bem o que é lê-lo, senti-lo!
Parabéns!!!

Unknown disse...

porque há palavras que sabem tocar-nos.
poema perfeito, este, taninha!

beijinho!

AC disse...

Que dizer?
Tânia, fiquei extasiado!

Beijo :)

Cris de Souza disse...

Deitando e rolando com barros! Num tô dizendo...

Eleonora Marino Duarte disse...

ritos
ritmos
istmos
íntimos...

Tânia, que belo clamor!!!!

um beijo.