Penélope
Hoje desfiz o último ponto,
A trama do bordado.
No palácio deserto ladra
O cão.
Um sibilo de flechas
Devolve-me o passado.
Com os olhos da memória
Vejo o arco
Que se encurva,
A força que o distende.
Reconheço no silêncio
A paz que me faltava,
(No mármore da entrada
Agonizam os pretendentes).
O ciclo está completo
A espera acabada.
Quando Ulisses chegar
A sopa estará fria.
(Myriam Fraga)
Hoje desfiz o último ponto,
A trama do bordado.
No palácio deserto ladra
O cão.
Um sibilo de flechas
Devolve-me o passado.
Com os olhos da memória
Vejo o arco
Que se encurva,
A força que o distende.
Reconheço no silêncio
A paz que me faltava,
(No mármore da entrada
Agonizam os pretendentes).
O ciclo está completo
A espera acabada.
Quando Ulisses chegar
A sopa estará fria.
(Myriam Fraga)
37 comentários:
O caráter e a inteligência podem impressionar as pessoas, mas é o amor que damos a alguém que nos faz brilhantes e inesquecíveis
Boa semana
Bjs
Poema lindíssimo!
Escrito com delicadeza, sensibilidade e um algo mais indecifrável...
Belíssima postagem, amiga Tania Regina!
Beijo...
O pensamento precisa viajar muito para entender as metáforas. Logicamente que houve na autora um sentimento profundo para delinear cada palavra do poema.
Beijos! (Obrigado sempre pela Companhia).
Tânia, ah que lindo! Com personagens que me fascinam. Tenho ginástica agora, mas depois volto para reler e comentar.
bj
gazpacho, uai.
come-se até a flor, a poesia alimenta.
como dizemos em minas: bão tamém!
beijào,
r.
à medida que o tempo envelhece ao olhar-me desatento convenço-me, com maior convicção, que há, em cada um de nós, pelo menos um ulisses e uma penélope. quanto à sopa fria... por que razão prometeu arriscou a vida pelo fogo?...
um beijinho, querida amiga!
Naty e Carlos, obrigada pela visita ao Roxo, estarei conhecendo o espaço de vocês ainda hoje.
Abraços,
Tânia
Oi, Zélia: a Myriam é maravilhosa, já postei outro poema dela anteriormente, e essa é uma homenagem às nossas "penélopes" interiores! rs
Beijos,
Oi, Machado, obrigada pela sua presença. A myriam trouxe a figura mitológica da Penélope de uma forma maravilhosa.
Beijos,
Tânia
Bípede, volta aí mesmo e lê o poema da Myriam, que ela é maravilhosa!
Berijo, Roberto! rs A sopa lembrou das Minas Gerais, foi não???
Beijos,
Oi, Jorge, acho que sim, nunca havia pensado em ambos em nós, mas sim, há uma Penélope e um Ulisses cá dentro de nós...
Beijão, querido
Muito bom o poema! Impressionante, fez-me pensar por alguns minutos!
Um abraço!
Oi, Léo, obrigada pela visita. Sim, o poema da Myriam é muito bom mesmo.
Abraços,
Tânia
Não gosto de esperas. Sempre corre-se o risco de chegar tarde demais. E encontrar a sopa - ou os sentimentos - já frios.
Beijo, Tânia.
Lindo esse poema, que traz à tona nossa Penélope - bem tentei soterrar a minha, sabia? Mas é forte demais...
Concordo com o Jorge, temos Ulisses também. Penso que assim como esperamos, certamente fazemos esperar.
beijos
Muito bom. Atentei para a sabedoria dos versos "Um sibilo de flechas/devolve-me o passado." Pois, de fato, Ulisses e Penélope são seres movidos pelo passado contra um presente tortuoso. Ele quer retornar para o que era; ela aguarda o retorno do mesmo, o que não mudou. O desfazer do bordado, para nós, pode simbolizar o atrasar do presente em nome do amor.
Seja como for, são personagens que me fascinam.
Bela postagem, Tânia.
Abraços!
a Miriam Fraga é fera, escreve como ninguém,
beijo
lindo poema amiga
encanta a alma
delicado e maravilhoso
votos de uma semana maravilhosa para ti com carinho um beijo fica bem
ei boa tarde!! passa la no meu cantinho tem selinho do dia dos pais para vc!!esta postado no inicio do meu blog fique a vontade tem varios.
Oi Tánia lindissima es teu poste tem personagens e tudo bem escrito.
Adorei
Um beijo
Santa Cruz
Noaaasssaaa... que forte.
Cada palavras é um mundo, um ciclo, um fim em si mesma.
Linda escolha....
e deixa os pretendentes no mámore frio....hehehe
Ah, minha querida amiga Myriam e um belo exemplo de sua poesia.
É delicioso reler a história tão antiga, vista sob este prisma.
Daquela que espera, a filha de Icário, e que se manteve em atividade, escondendo em seu coração a mágoa, o carinho, a saudade da espera.
Tramava e destramava seu bordado.
E o passado feito homem voltou, a sopa estava fria, mas estava aonde deveria estar: à mesa. E o cão estimado a avisou da chegada. E a cicratiz foi encontrada. E assim por todos os tempos, em todas histórias. Obrigado pela partilha, pela escolha e pela oportunidade. Beijos.
Renatinha, mas a espera é um exercício maravilhoso, muitas vezes...De algum modo, há uma Penélope dentro de todas as mulheres. Mas (Jorge lembrou bem), há também um Ulisses.
Beijos
Ah, Andrea, sabe que acho quase impossível ignorara a Penélope em nós? Creio que vamos a prendendo a esperar e vamos ocupando esse tempo de espera de uma forma cada vez mais rica.
Beijos e volte logo!
Marquinho, eu fico sempre me perguntando o que seria esse "desfazer os pontos", atrasar o término da costura, para nós, seres desse mundo de hoje...De qualquer forma, vejo o gesto mais como uma satisfação ao social, porque a alma continua fiel ao sentimento. Ouvir seus comentários é sempre muito bom.
Beijos
Assis, sou superfã da Myriam, nossa! Tenho uma coleção de seus poemas na minha alma.
Beijos
Anira, que bom que você gostou! Obrigada pela sua presença, volte sempre.
Beijos
Márcia e Carlos, grata pela presença de vocês no Roxo. Vou olhar os selinhos, obrigada.
beijo,
Tânia
Santa Cruz, belo poema da Myriam, não? Vale a pena conhecer o trabalho dela, é fera!
Obrigada pela presença.
Beijos
Walkiria, Penélope está "podendo"...rs...Deixar pretendentes na mármore fria não é pra todas! :-)
Beijo, querida, obrigada pela sua presença.
Gerana, esta é mesmo uma amiga que vale ouro, não? Eu adoro os poemas de Myriam...
Obrigada por vir,
Beijos
Djbal...uma história revivida tantas e tantas vezes, não? Ainda aprendo, até hoje, meditando sobre essa espera de Penélope.
Beijos e obrigada por vir.
Um Poema lindo, que conta uma história que não se decifra em uma única leitura... a cada vez que se lê, um novo aspecto nos ressalta e nos faz ir em frente ou voltar para reencontrar o fio condutor... É um poema para se ter na mesinha de cabeceira e estar sempre sorvendo-o aos pouquinhos...aos pouquinhos...
Nossa história, feminina? Ou a história de todas as esperas de todos os tempos?
Obrigada, querida, pela presença.
Beijos
Acho que a história da mulher e as esperas que nós mulheres somos campeãs em ter/receber pela vida... Impostas ou assumidas por nós. Voltei para ler outra vez e outra vez me encantar.
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