Já postei esse poema de Drummond no iniciozinho desse blog. Faz parte dos polêmicos poemas eróticos de Drummond, dos quais tanto gosto. Mas a repetição do post é agora para falar do velho Drummod no seu aspecto escorpiano. Nasceu, como eu, num 31 de outubro. Como todo bom escorpiano, vivenciou estreitamente o casamento (ainda que imperfeito) entre Céu e Terra, entre sexo e espiritualidade. Isso é característica dos nativos no signo de escorpião. E para os que não levam fé na astrologia (a ciência astrológica, séria, é antiga), leiam no meu blog Caminhos de cura artigo da psicóloga e astrológa Fátima Brazão. É uma abordagem muito lúcida e embasada na Ciência Astrológica. (http://caminhosdecura7.blogspot.com).
Espero a visita lá dos amigos que ainda não visitaram o blog. E abaixo... Drummond erótico, mas também Drummond celestial. Como um bom escorpiano.
AMOR, POIS QUE É PALAVRA ESSENCIAL
Amor — pois que é palavra essencial
comece esta canção e toda a envolva.
Amor guie o meu verso, e enquanto o guia,
reúna alma e desejo, membro e vulva.
Quem ousará dizer que ele é só alma?
Quem não sente no corpo a alma expandir-se
até desabrochar em puro grito
de orgasmo, num instante de infinito?
O corpo noutro corpo entrelaçado,
fundido, dissolvido, volta à origem
dos seres, que Platão viu contemplados:
é um, perfeito em dois; são dois em um.
Integração na cama ou já no cosmo?
Onde termina o quarto e chega aos astros?
Que força em nossos flancos nos transporta
a essa extrema região, etérea, eterna?
Ao delicioso toque do clitóris,
já tudo se transforma, num relâmpago.
Em pequenino ponto desse corpo,
a fonte, o fogo, o mel se concentraram.
Vai a penetração rompendo nuvens
e devassando sóis tão fulgurantes
que nunca a vista humana os suportara,
mas, varado de luz, o coito segue.
E prossegue e se espraia de tal sorte
que, além de nós, além da própria vida,
como ativa abstração que se faz carne,
a idéia de gozar está gozando.
E num sofrer de gozo entre palavras,
menos que isto, sons, arquejos, ais,
um só espasmo em nós atinge o clímax:
é quando o amor morre de amor, divino.
Quantas vezes morremos um no outro,
no úmido subterrâneo da vagina,
nessa morte mais suave do que o sono:
a pausa dos sentidos, satisfeita.
Então a paz se instaura. A paz dos deuses,
estendidos na cama, qual estátuas
vestidas de suor, agradecendo
o que a um deus acrescenta o amor terrestre.
comece esta canção e toda a envolva.
Amor guie o meu verso, e enquanto o guia,
reúna alma e desejo, membro e vulva.
Quem ousará dizer que ele é só alma?
Quem não sente no corpo a alma expandir-se
até desabrochar em puro grito
de orgasmo, num instante de infinito?
O corpo noutro corpo entrelaçado,
fundido, dissolvido, volta à origem
dos seres, que Platão viu contemplados:
é um, perfeito em dois; são dois em um.
Integração na cama ou já no cosmo?
Onde termina o quarto e chega aos astros?
Que força em nossos flancos nos transporta
a essa extrema região, etérea, eterna?
Ao delicioso toque do clitóris,
já tudo se transforma, num relâmpago.
Em pequenino ponto desse corpo,
a fonte, o fogo, o mel se concentraram.
Vai a penetração rompendo nuvens
e devassando sóis tão fulgurantes
que nunca a vista humana os suportara,
mas, varado de luz, o coito segue.
E prossegue e se espraia de tal sorte
que, além de nós, além da própria vida,
como ativa abstração que se faz carne,
a idéia de gozar está gozando.
E num sofrer de gozo entre palavras,
menos que isto, sons, arquejos, ais,
um só espasmo em nós atinge o clímax:
é quando o amor morre de amor, divino.
Quantas vezes morremos um no outro,
no úmido subterrâneo da vagina,
nessa morte mais suave do que o sono:
a pausa dos sentidos, satisfeita.
Então a paz se instaura. A paz dos deuses,
estendidos na cama, qual estátuas
vestidas de suor, agradecendo
o que a um deus acrescenta o amor terrestre.
(Carlos Drummond de Andrade)
13 comentários:
Tânia, esse poema é lindo! Gosto desse casamento entre céu e terra...
e hoje, hoje mais do que qualquer outro dia, ele veio perfeitamente a calhar.
Escorpianos não são das pessoas mais fáceis...rs...mas das mais intensas que já conheci.
Amo incondicionalmente, arrebatadoramente, com o maior amor que pode haver neste mundo (e em outros tantos)um escorpiano ;)
beijos, moça!
Não me negue as flores,
pois, tiro delas a minha essência!
seu perfume, é minha inspiração...
seu colorido, é minha alegria...
sua beleza, é minha vida!
Jacira Cardoso
OBS: Leve este mimo que te ofereço com muito carinho.....M@ria
Escorpião nato... assim como eu tb!!
Amei... lindo mesmo.
Bjão e um fds super iluminado.
Tania
Esta poesia é muito linda!
Drummond é bonito de qualquer jeito...
Um findi iluminado pra ti,
Bjs
PS: já li a Fátima Brazão lá no teu novo cantinho. Gostei demais! Eu adoro Astrologia!
Drummond é mestre, soube como ninguém versar esse sentimento que passeia na pele e na alma, nos sentidos mais totais,
beijo
A sua sabedoria de mestre ao descrever com sutileza e contundencia de amor e sexo.
Esse é Drummond!
Bravo!
Abraço
Andrea, fáceis não são mesmo, mas, nosa,,,profundos, quase um abismo! :-) E amo ese poema também.
Beijos
Maria, obrigada pelo mimo e pela presença, viu?
Beijo grande
Grasi, escorpião também? Fazes parte da nossa turma, então... Beijo pra ti...
Wania, obrigada pela presença aqui e alá nos Caminhos.
Beijão
É verdade, Assis...Drummond continua sendo genial!
Beijos
Esse é Drummond, Lu...que como ninguém sabe fazer elos entre os céus e a terra.
Beijos,
Perfeito! Só isso.
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