20 de dezembro de 2016

Ciclos








Ontem
Eu soube
Novamente
Que estou
Prestes a morrer.
É sempre um susto
É sempre um medo
É sempre escuro quando
Tento apurar o olhar e ver
Como serão os dias seguintes.
Já morri encolhida
Já morri sofrida
Sentada
Aflita: tendo a inovar
Em todas as partidas
E celebrar com rosas
Ou margaridas na hora
De voltar ao pó.
Sempre quis
Morrer só
[Como se fosse possível
ser diferente]
Sem extrema-unção
Sentindo as batidas
Do coração depois do
Último suspiro.
Não gosto de repetições
Mas não dispenso a frase
Que sempre ouço depois
De ter deixado o último corpo
: Ela já se foi; seu coração
Já bate em outro ritmo!
Depois, já é amanhã, alguém
Dá-me uma palmada na bunda
E eu já sei que é preciso chorar
Ao nascer outra vez.

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