13 de junho de 2014

Anatomia da cegueira


Resposta ao 101º  Desafio Poético com Imagens - Imagem: Gottfried Helnwein




Córneas
íris 
pupilas
retinas


: a excêntrica
anatomia 
da cegueira
sustenta-se
de sentidos
recém-nascidos;

olhos cegos
usurpam amanheceres
sob pálpebras tenras
na ânsia de forjar 
novas direções.

Nem o brilho Inocente 
dos pirilampos está a salvo
das órbitas esbugalhadas
daqueles que não enxergam.


8 comentários:

José Carlos Sant Anna disse...

[Mas apanhadas pelo tato
fitam-nos caladas
e toscamente as compreendemos...]

A tua dicção sempre me deixa fascinado...
Beijos, Tania

Celso Mendes disse...

A cegueira tem múltiplas facetas. e sua excêntrica anatomia lírica está habilmente retratada neste belíssimo poema. Parabéns!

Beijo.

Ira Buscacio disse...

enxergar é uma viagem que requer coração e não olhos

saudade dessa voz tamanha!!!

bjs,mulher tão querida

cirandeira disse...

Concordo com o Celso, e acrescentaria que há também aqueles que veem e não querem enxergar, talvez porque fiquem ofuscados com o brilho da claridade. Quem sabe?

Saudades, saudades, saudades!!!

Beijos, poeta querida

Graça Pires disse...

Excelente poema. Mas eu digo: só não vê quem não quer, desde que o coração sinta...
Um beijo.

Graça Pereira disse...

Há quem seja cego e há também os que não querem ver...Não seu qual será a pior cegueira...
Gostei do que li. Parabéns,
Beijo e boa semana.
graça

Cecília Romeu disse...

Eis aqui uma míope (também no sentido literal :) que a cada desilusão enxerga novos contornos que não percebia antes.

Imensa tua Poesia, Taninha!

Grande beijo, um beijão, para ser mais exata :)

Sandra Cristina de Carvalho disse...


Quando enxergamos apenas com os olhos físicos, apenas vemos. Enxergar é mais que ver, é contemplar com a visão interior.
Belo poema, Tania!!!!