7 de janeiro de 2014

Gorjeios de dezembro




Imagem: web
(Para Baby, em seu novo mundo)



A cabeça
Cheia de pássaros
Pupilas aladas
Um ruflar urgente
Dos véus do Mistério.

Antes de ir, libertou
Os pássaros negros
Da órbita dos olhos.

Amou o Amor sem forma
Da grande Musa etérea
E enlaçou seu próprio corpo
Num abraço derradeiro.

De mansinho, deixou a roupa azul
O fogo do olhar na boca da noite
A arma de aço que coroava guerras
A vontade de existir de verdade.

Viera-me a Morte dizer que ele
Era sonho que eu havia sonhado
Era corpo de vida soprada
Pela força da imaginação.

Agora ele  inexiste oficialmente
 : consta no atestado de óbito.

(Baby, não acredito em papéis, atestados, rabiscos
que validam a existência dos homens)

Escreve uma carta com letras de nuvens e me diz
Quantos deuses dançaram na festa da tua chegada.

E aparece, Baby... Rasga a película do tempo

E volta só para mais um abraço.

6 comentários:

Ira Buscacio disse...

Um chamado comovente, desses que fazem eco no peito. pensei em todos os abraços que ainda espero retorno.

vc me honra com tanta sensibilidade, minha queridona mulher de todos os pássaros

bjs e um abraço de ninho

Joelma B. disse...

Poema de fazer escorrer as nuvens dos olhos, Taninha...

Beijos!

José Carlos Sant Anna disse...

Porque nem sempre os olhos bastam para crer na vastidão é que o seu poema "Rasga a película do tempo" para ressoar onde há outras luzes.
Beijos, Tânia!

Dilmar Gomes disse...

Eis um poema de fôlego, amiga Contreras. Um abraço daqui do sul do Brasil. Tenhas uma boa noite.

Cris de Souza disse...

Tocante feito os guardiões...

Unknown disse...

sussurro de sensibilidade suprema a a escalar este corpo de vida soprada que umas vezes julgo existir, outras nem sei dizer...

beijo tantos, poetamiga das palavras-pele!