Imagem: Susy Dienstbach
o Acaso
não é deus
de barganhas.
Nada prometa
e nada espere
enquanto o rosário
sangra seus dedos.
À noite,
a chama da vela
tremulará indiferente
à súplica ardente da alma.
E no quarto bafejado
por tantas ave-marias
a escuridão apagará os
sinais de bem-aventurança.
Não fale ao
Deus Acaso
sobre seus
sonhos de
felicidade.
Do contrário,
despertará sua ira
e atrairá a lógica
dos deuses que
apenas escutam,
sem adivinhar os mais
íntimos anseios da alma.
O deus desconexo
escarnece da prece
– flecha envenenada
através da qual o homem
assina sua própria sentença;
mas, se, ainda assim,
alguém quer a ele rezar,
eis então a oração:
Senhor Deus do Acaso, atende-me
no que não
preciso;
Dá-me o imprevisto em
cada curva do caminho;
Desnorteia-me com a
falta de sentido e me
faz compreender
que não é preciso pedir:
magia é a resposta para
a pergunta que eu nem
sei formular. Amém!
6 comentários:
UAUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUU!
sem fôlego, bjão
Comoveu-me...
No ponto, belíssima oração!
Beijo tuas mãos, violeta rara*
Aqui está emoldurado o Deus Acaso, quase um retrato para que não tenhamos dúvidas sobre o que fazer. O poema é a fixação deste modo de encarar essa realidade. Muito forte, um punhal.
Beijos, Tania!
Taninha,
a cada resposta que encontramos parece que mudam as perguntas...
se é para frente que se anda, pois que assim seja, com o Deus de todos os acasos até o ocaso.
Beijos de luz!
em silêncio, mãos aos céus e à terra, em reverência e oração: eis o acaso de tempo para hiato de ser.
beijinho!
o divino e o humano na eterna busca do ser... belo texto! também gosto de mensagens em garrafas atiradas ao mar! abraços!
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