12 de janeiro de 2014

Dá-me o Imprevisto





Imagem:  Susy Dienstbach


o Acaso
não é deus
de barganhas.

Nada prometa
e nada espere
enquanto o rosário
sangra seus dedos.

À noite,
a chama da vela
tremulará indiferente
à súplica ardente da alma.
E no quarto bafejado
por tantas ave-marias
a escuridão apagará os
sinais de bem-aventurança.

Não fale ao
Deus Acaso
sobre seus
sonhos de
felicidade.

Do contrário,
despertará sua ira
e atrairá a lógica
dos deuses que
apenas escutam,
sem adivinhar os mais
íntimos anseios da alma.

O deus desconexo
escarnece da prece
– flecha envenenada
através da qual o homem
assina sua própria sentença;

mas, se, ainda assim,
alguém quer a ele rezar,
eis então a oração:

Senhor Deus do Acaso, atende-me
 no  que não preciso;
Dá-me o imprevisto em
cada curva do caminho;
Desnorteia-me com a
falta de sentido  e me
 faz compreender
que não é preciso pedir:

magia é a resposta para
a pergunta que eu nem
sei  formular. Amém!


















6 comentários:

Ira Buscacio disse...

UAUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUU!

sem fôlego, bjão

Cris de Souza disse...

Comoveu-me...

No ponto, belíssima oração!

Beijo tuas mãos, violeta rara*

José Carlos Sant Anna disse...

Aqui está emoldurado o Deus Acaso, quase um retrato para que não tenhamos dúvidas sobre o que fazer. O poema é a fixação deste modo de encarar essa realidade. Muito forte, um punhal.
Beijos, Tania!

Cecília Romeu disse...

Taninha,
a cada resposta que encontramos parece que mudam as perguntas...

se é para frente que se anda, pois que assim seja, com o Deus de todos os acasos até o ocaso.

Beijos de luz!

Unknown disse...

em silêncio, mãos aos céus e à terra, em reverência e oração: eis o acaso de tempo para hiato de ser.

beijinho!

voo do jogral disse...

o divino e o humano na eterna busca do ser... belo texto! também gosto de mensagens em garrafas atiradas ao mar! abraços!