31 de julho de 2012

(Dos sonhos III): O céu caiu e uma bailarina desceu



O céu cai e dele desce uma bailarina muito sorridente. Quem ainda guarda os sonhos de menina? Pois que esse foi um sonho da mais tenra infância do qual nunca esqueci. Nunca relatei a ninguém, estou falando dele agora. Lembro exatamente da sensação que me provocou e das transformações que ocorreram em mim a partir disso.

Eu que achava que o céu era o limite. Eu que, angustiada, via beleza no céu azul, mas, ao mesmo tempo, sentia-me asfixiada pelo firmamento. Eu que resistia, intimamente, a acreditar na finitude das coisas, que fazia do “além” a minha filosofia infantil.

Quando o céu caiu, o porte e a beleza da bailarina pouco me disseram. A queda do céu – isso sim – é que foi a grande anunciação. Foi ali que descobri a ilusão dos limites e das fronteiras. Entendi que o caminho seria para sempre duvidar das linhas de demarcação que a vida me impunha. Meu céu caído talvez tenha sido a minha primeira transgressão. Nunca ninguém jamais poderia, então, falar-me de fim, finitude, muros, paredes, cercas, fronteiras.  Talvez ali eu tenha compreendido que sabia voar.

6 comentários:

Wilson Torres Nanini disse...

Sonho e interpretação deslumbrantes, de alta poeticidade.

Olha o céu, em sua totalidade (ou até onde meus olhos alcançam) me aturde e me encanta em iguais medidas, ao mesmo tempo que me limita me liberta.

Abraços!

Unknown disse...

era o céu a ganhar asas,

beijo

cirandeira disse...

Que bela iniciação, Tânia!
Este sonho já prefigurava a poeta
que já existia em ti!

beijoss

Batom e poesias disse...

Eu fui uma criança que via anjos de verdade no céu e tinha um circo inteiro num alçapão secreto dentro do meu quarto de 3x4m.
Não sei dizer se sonhava ou tinha alucinações...rss
Quem sabe uma boa terapia decifre.

Adorei os três "sonhos", Tania.

Fiquei feliz pela visita.
Bjs

Rossana

Joelma B. disse...

sonhando contigo!

voltaste!

beijinho, Tânia!

Sônia Brandão disse...

Não existem limites para aqueles que descobrem suas asas e aprendem a voar.

bjs