7 de fevereiro de 2011

Voltam os deuses a falar por trovões

Depois da meia-noite
O ímã dos olhos
Arrasta peças bizarras
Para o centro de si
E um mundo insólito
Atravessa as pupilas.

Só depois da meia-noite
As sílabas insurgem-se
Contra as palavras
E uma linguagem ígnea
Incendeia as bocas
Ávidas por um novo idioma.

Depois da meia-noite
Voltam os deuses
A falar por trovões
Na escuridão do templo
Povoado por sombras.

É quando então
As feras humanas
Rugem em direção ao infinito
Que começam a vislumbrar...

39 comentários:

Maria Emilia Xavier disse...

Forte e belo como sempre sói acontecer por aqui.

Zélia Guardiano disse...

Lindo, Tania Regina!
Lindo e oportuno, nos dias que vivemos...
Como você sabe lidar com as palavras: nada sobra, nada falta, quando você se expressa!
Bravo, querida!
Bravo!
Beijos da
Zélia

Ives disse...

Qta beleza, ao infinito! abraços

Ives disse...

ah muita beleza no infinito né, abraços

Anônimo disse...

que venham as chuvas, as tempestades e os temporais
beijinho
Laura

AC disse...

Em busca da transcendência...
Muito belo, Tânia!

Beijo :)

Unknown disse...

rumo a todos os ancestrais, natureza pagã em efervescência


beijo

Anônimo disse...

pequenos vislumbres que nos dão muito que fazer na escrita :) um beijinho e obrigada pelas suas visitas à tradução da memória.

Claudinha Antunes BA disse...

Anjinha Querida!

Deus abençõe sua inspiração e sensibilidade!!
Sou muito grata por poder compartilhar desta sua delicadeza e intensidade. Bjus com carinho

Marcantonio disse...

Ao final das contas, é uma linguagem não-verbal que está por baixo de tudo, essa matéria ígnea, de correr infinito, mesmo contra a nossa herética e redundante pretensão de contê-la na represa das palavras.

Poema sobre os fundamentos.

Beijo, Tânia.

marlene edir severino disse...

Oi querida,

Já visitei teu blog outras vezes e encantada fiquei com os poemas, as cores, todos os tons que adoro...
E agora estou te seguindo, assim acompanho teu belo trabalho!

Um beijo,

marlene

F@bio Roch@ disse...

"Depois na meia noite" a gente não nota!!
"Depois da meia noite" a gente se solta!!

ABRAÇÃO!!!!!!

O que Cintila em Mim disse...

Derrubamos as paredes e os muros para estar aqui lendo este escrito tão furioso que estava a me procurar.

Bípede Falante disse...

Tânia, que percepção única a sua essa da boca procurar por um novo idioma, porque acho que as bocas estão fartas das mesmas palavras de sempre, estão aguadas demais pelos mesmos sons e suas salivas e querem é por fogo no verbo e na vida, para que ela arda enquanto há tempo.
Adorei o seu incêndio. Chamuscou-me o dia :) Viva!!!
beijos

Anônimo disse...

Poema que veio com a força das madrugadas.

Beijo, Tania!

Anônimo disse...

Tânia: Lindo post mas os trovões não é uma linguagem verbal:

Depois da meia Noite...
Tenho lindos sonhos,
noite de sonhos passados:
no Jardim dos meus amores;
e das minhas eternas flores.
Beijos
Santa Cruz

Primeira Pessoa disse...

meia noite é de uma simbologia incrível, é a hora mais emblemática que existe.
à meia noite, todas as carruagens viram abóbora, os vampiros saem das sombras...
à meia noite eu tremo de medo...rs

beijão,

r.

Graça Pires disse...

"É quando então
As feras humanas
Rugem em direção ao infinito
Que começam a vislumbrar... "
O final de um poema com um imaginário encantatório.
Um beijo.

ju rigoni disse...

Belíssimo, Tania!

Distingue-se melhor a luz na escuridão. Geralmente, fechamos os olhos para amar; para meditar, para tentar vislumbrar o infinito... Ao fechá-los enganamos o anfitrião da vida, - eis que há meia-noite ainda que sob o sol do meio-dia e sua luz que cega.
Mas essa é só mais uma das minhas leituras subversivas, com as quais você já deve estar acostumada. rsrs Bom viajar nos seus versos...

Lindo, poeta! Adorei! Bjs e inté!

Unknown disse...

Hoje estive lendo um ensaio que ensinava que as nossas línguas ainda contém resquícios da linguagem original. Todas, para um expert, têm pontos em comum.
Mais tarde leio a sua poesia e a imagem me domina. Aquele ensaio foi versificado e composto para me esclarecer, o eterno itinerário circular da natureza.
A procura da novilíngua é um anseio bem nosso.
Parabéns com beijos e obrigado.

Mínimo Ajuste disse...

Tânia, amanhã, aniversário do Mínimo Ajuste. 1 ano! Vai lá assoprar a velinha :)
beijos
BF

Mar Arável disse...

Também existem

noites claras

Al Reiffer disse...

Parabéns pelo teu blog, de grande qualidade! Abraços!

Jorge Pimenta disse...

pudesse eu acontecer antes da meia-noite, taninha... sem encantamentos estéreis ou magias sem fórmula...
simplesmente belo!
beijos mil!

Passageira disse...

Taninha! Qto tempo, moça!
Meu Deus, comno vajei aqui no seu blog. São tantos e tão bons os poemas. Difcil separar qq impressão pra fazer um comentario.
Fica minha renovada admiração pela sua sensibilidade e habildade poética. E ficam meus beijos!

Kenia Santos disse...

Eu bem sou uma dessas feras que só aparece quando a escuridão se instaura.

=)

Beijo grande grande!

Luciana Marinho disse...

tão belo nesse ressoar ancestralidade.. linda sequência para o "antigo poeta". abraço de admiração!

Fred Caju disse...

"E as poesias que nascem do esterco?"

Sabe que isso me fez pensar. Muito. Mas como resposta diria que não me considero um jardineiro, mas um pedreiro. Não trabalho com adubo, e sim com cimento. Porém, um pedreiro que se preze não deixa tudo no concreto, sempre deixa um espaço para o jardim.

Abraços,
Caju.

Non je ne regrette rien: Ediney Santana disse...

Depois da meia-noite
Voltam os deuses
A falar por trovões"
deuses que falam por trovões há algo mais cruel? para quem busca no divino paz e alegria ?

Anônimo disse...

Tania
que cenário menina
que imagens posso deslumbrar nesses abismos do fim...
Tania
poder soltar as feras que nos habitam, nesse noite cósmica, rumo a uma nova desordem....afinal!

Evandro L. Mezadri disse...

Belíssima poesia, forte, sentimental, profunda.
Grande abraço e sucesso!

Wania disse...

Taninha

Que tenhámos ouvidos de raios, olhos de ventanias e bocas de chuva para entendê-los!



Lindo e intenso
Bjs, amiga

Unknown disse...

E cai sobre nós como uma rocha de fogo, incendeia e explode em emoções. Muito bom, forte e e com sentimento.
Abraço

dade amorim disse...

Forte e belíssimo poema, Tânia. E o final, como notou a Graça, é uma revelação do encanto que o poema conduz, e mais ainda, a percepção da eterna busca em que vivemos.
Beijos pra você.

via verso disse...

E por falar em escuridão... Ouço lobos uivando por aqui. :) Que poema, Tania! beijos, querida.

Luiza Maciel Nogueira disse...

A tua poesia é carregada de espiritualidade e consciência - das coisas que o homem precisa cada vez mais! Belissimo

Beijos

Moisés de Carvalho disse...

A palavra correta para esse poema é :MAGNIFICO !

um beijo!

Neuzza Pinheiro disse...

Thor esteja com vc, Tania, versos riscando o céu à meia-noite.
abraços!

Daniela Delias disse...

É muito lindo o teu espaço, Tania!
Bjo carinhoso!