1 de maio de 2017

Pra não dizer que não falei de amor









...e eu sonhava
o amor com escalda-pés
dar as mãos, essa coisa vaga
refrão gasto pelos desastres
das quedas em dupla
etão sonhava
o amor com escalda-pés
agachando-me suave perto
da bacia de esmalte como
eram as bacias confiáveis
do tempo em que eu sonhava
o amor com escalda-pés
e vieram dizer que estava em
desuso a bacia de esmalte e o
escalda-pés na chegada do amado
que o amor não começava pelos pés
e aquecer o corpo no corpo do outro
era mais atual, algo pós-moderno
e eu perguntei se não era o amor que
estava em desuso nesses tempos em
que se excluía a nascente de água morna
expulsavam-se as mãos das veias salientes
dos pés imersos, para que todo regresso não
tivesse o cheiro de ervas aromáticas plantadas
nos canteiros de um coração antigo.

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