1 de maio de 2017

Etimologia inventada



A mulher
corria e corria
o relógio preso
aos pés pequenos
os pulmões querendo
ar, ar, ar, ar,ar, ar.
A mulher
em pânico
com os tique-taques
à beira de um ataque
depois das horas extras.
Dona corre-corre
parte do folclore do
bairro do Machado
a blusa pelo avesso
pés trocados do sapato.
Lá ia ela atrasada
lá ia ela almejada
pelas próprias balas
pelos olhares alheios
longe de devaneios,
que o tempo não espera.
Aposentou-se
deitou-se sem
querer levantar
para atender ao
carteiro.
Aposentou-se
deitou-se sem
querer pôr na
mesa o café ou
o almoço.
Aos reclames
respondia: sou
uma mulher sem
hora.
Quando saía
ouvia falar pelos becos
- lá vai a sem hora!
a senhora...
Caramba: como custou
envelhecer!

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