18 de maio de 2017

Estamos nus, meu rei!






Arte: Matthieu Bourel



Antes que
o menino
gritasse
eu soube
que estava
nua;
eu não disse
porque era tão
óbvio e tão ridículo
cobrir a nudez com
palavras e chavões dos
livros escritos por homens
que nunca olhavam o próprio
sexo, o próprio umbigo;
sem o abrigo das letras
sem notas de rodapé
sem paredes, sem divãs
contemplamos, eu e eles,
nossa nudez sem o espanto
de quem conheceu distâncias
forjadas
- todo rei sacode o saco ao
caminhar em direção aos
súbitos e epiifânicos encontros;
todo rei sabe que o cetro é um
galho apanhado na estrada;
todo rei sabe que de rei não
tem nada.

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