16 de novembro de 2016

De eu...








1- Quando menina, via umas partículas de poeira brilhantes e nunca falei, porque achava que todo mundo via. Só há poucos anos comentei com uma pessoa, que me explicou o que eram, mas não lembro o nome científico.

2 - Minhas visitas ao pronto-socorro eram frequentes, lá pelos 5, 6 anos de idade, porque eu gostava de girar até ver o mundo desmanchando num borrão colorido. Por conta disso, quebrei cabeça, boca, cortei joelho. Algumas marcas ficaram.

3 - Minha primeira paixão foi um personagem de Érico Veríssimo, Vasco, que acompanhei em três livros. Terminou porque ele não saiu das páginas e eu não pude entrar no livro.
4 - O primeiro dinheiro que ganhei na vida “com o suor do meu trabalho” foi prêmio de um concurso literário, que quase não fui receber por excesso de timidez e teimosia. Uma monografia sobre obra de José de Alencar, na adolescência.

5 - Na adolescência, numa época que me denominava ateia, alguns milagres secretos aconteceram na minha vida, e eu teimava em achar que o responsável pelos milagres não era Deus, mas qualquer outra coisa grandiosa que habitava secretamente em mim.

6 - No auge do meu ceticismo, passei três dias numa trilha, comendo apenas maçã e bebendo água. Numa caminhada sozinha pela beira de um rio, dei com uma árvore que nasceu dentro de uma pedra e o reconhecimento foi imediato. Sem saber explicar como, eu a conhecia e ela a mim. A emoção do encontro foi grande, choramos as duas e eu bem poderia pensar que era loucura, mas não pensei. Abracei-a, sem conseguir desenlaçar por um bom tempo. Voltei a procura-la mais duas vezes. Na última, o rio já a havia levado.

7- Embora não goste e não aceite o rótulo de médium, sei e sinto coisas a distância. Vejo o que aprendi a não dizer e não comentar, pois isso traz muita confusão.

8 - Não voltaria ao passado por nada, tenho anseios pelo futuro, mas estou aprendendo a beleza do presente.

9 - Meu in box é um mundo à parte do Face e ali acontece grandes encontros de alma, inexplicavelmente.

10- Durante o sono, vivo experiências incríveis de encontros, lembradas por mim e por algumas pessoas, mas isso quase me pira numa fase, até que decidi parar de querer compreender.

11- Creio mais no impossível do que no possível.

12- O livro mais marcante da minha vida (e não foi o “melhor” em termos literários) tornou-se uma história na minha vida real.

13- Não tenho religião, mas acredito piamente na magia, porque já a vivi inúmeras vezes.

14- Tenho sonhos que me dão avisos, e por conta deles desligo-me de algumas pessoas, inclusive excluindo-as da minha lista de amigos na rede social.

15- A única lembrança que tenho da cidade onde nasci e da qual saí aos 4 anos de idade é a de um poste aceso à noite, com vários insetos rodando em torno da lâmpada.

16- Nunca me achei bonita e isso nunca me preocupou. Somente na pré-adolescência quis usar óculos para esconder meus olhos, que eu via como 70% de mim.

17- Dos 14 aos 17, sentava à janela do meu quarto, que dava pro mar, e esperava que uma nave espacial com alienígenas viesse me “levar de volta”. Nunca vi nenhuma até hoje e infelizmente.

18- Não tenho nenhum medo da Morte e cada vez tenho menos certeza do que há após dela, mas sinto-me aberta para essa grande aventura.

19- Não gosto de dinheiro e preciso gostar, porque ele sempre corre de mim.

20- Já tive experiências que se chamariam de “vidas passadas” e me vi morrendo na masmorra, longe dos meus. Sabia que estava ali porque escrevi coisas que eram proibidas. Isso me trouxe uma tristeza todas as vezes que viajava. Curei-me com a lembrança e o choro convulsivo.

21- Descobri que amar me faz mais feliz do que ser amada. É uma onda de amor que inexplicavelmente me eleva e sutiliza.

22- Meu pior inimigo sou eu mesma.

23- Sou melancólica por natureza, mas isso não impede o bom humor.

24- A maturidade me trouxe grandes presentes.

25- Não gosto de falar de minha vida amorosa, mas ela me ensinou e me ensina muito.

26- Resisto em escrever livros, em deixar registros da minha passagem pela Terra. Mas às vezes sonho em escrever sobre pessoas anônimas e suas vidas de brilho íntimo, como os vaga-lumes.

27- Muito tarde, descobri que tenho Netuno sobre o meu Sol natal. Assim, entendi que o que eu via não era o que o outro via. Uma lente particular, para meu desespero e alegria.

28- Sou uma pessoa chata, nada popular, mas me realizo sendo quem sou e como sou.

29- A coisa mais próxima do Divino pra mim é a Natureza e a Poesia.

30- Às vezes tento desistir, mas há uma guerreira que me instiga com a ponta da espada e com o coração.

31- Aprendi com Manoel de Barros a dizê-lo e acreditar: Tudo o que não invento é falso.

32- E por falar nele, Manoel de Barros mudou minha vida.

33- Tenho medo e, ao mesmo tempo, curiosidade sobre as “outras de mim”; algumas sabem o que não sei....

34 - .. e tantas outras coisas de mim que continuam a ser mistério mesmo para mim mesma!

Um comentário:

Primeira Pessoa disse...

acabei de lhe responder no Primeira Pessoa. Vai ter lista para tudo quanto é gosto.

beijão, manucha.

R.