19 de agosto de 2013

Penúltimo adeus


Foto: WEB


(Para Ariano Egípcio)


O último adeus
escorre sem coágulos.

Flácidas as faces
rotos os disfarces
flores amargas
gotejam silêncios.

Gerânios e orquídeas
lírios e girassóis:
fomos nós flores
de galhos ardentes.

Mas isso foi ontem.
Foi antes.
Vai distante o tempo
Em que eu empunhava
O ramo verde da rosa
Na conquista do meu amor.

Nenhum de nós
Esquecerá, contudo,
Do único mistério
Que não desvendamos.

Da frase que você
Não pôde falar
Do corpo que eu
Precisei mergulhar
Apenas pela metade.

E a metade foi
A maior parte de mim.
A metade foi a maior
Claridade que minha
Alma já fez.

Verdade é que
O último adeus
Escorre sem coágulos.

Os trombos que agora
Obstruem minha despedida
Obrigam-me a falar da partida
Como se narrasse o penúltimo...
...adeus!

15 comentários:

Primeira Pessoa disse...

leitura com cheiro de até breve, sabia?
das impossibilidades (a frase interditada, a palavra não-dita)eu sei tanto, manucha...

e aí
chove e troveja.
relampeja.

mas amanhã fará sol no poema.

beijão,

r.

na vinha do verso disse...



nosso adeus
é sempre
penúltimo

e sempre solitário

abs

José Carlos Sant Anna disse...

Estou com o Roberto... acho que ele o Roberto) pode ter razão. Mas o poema independente do significado, em termos de linguagem, está tinindo.
E este gato, na fotografia, pode me dizer o que ele está fazendo tão absorto com olhar fixo para o alto? É um voyeur... Sempre mais apurada no dizer e no modo de dizer o poema.
beijos, Taninha,

Unknown disse...

de torar

muito


beijo

Unknown disse...

entre nós e a memória, o derradeiro adeus mal despedido...

belíssimo, taninha! beijos mil!

Anônimo disse...

Ah Taninha tão, tão forte e você citou tantas flores que eu amo...
Sabe hoje eu tô muito molinha, vou voltar aqui reler essa belezura.

Bjoooo!

cirandeira disse...

Na travessia das estações o jardim
vai se modificando: as pétalas das flores se transformam em húmus,o barco já não tem tanta pressa de chegar já passou por tantas veredas tantos caminhos percorridos...!

beijosss

Domingos Barroso disse...

essa metade é toda a explosão de viço e cílios...


beijo carinhoso,
querida Tania.

Domingos Barroso disse...

essa metade é toda a explosão de viço e cílios...


beijo carinhoso,
querida Tania.

Fred Caju disse...

Fodaço. E parei pra pensar horrores com o título. Penúltimo... Será que dá pra saber quando será o derradeiro?

Cecília Romeu disse...

Bom seria que o último adeus tivesse sabor a penúltimo..., mas de um penúltimo momento antes da esperança; e não do fim...
...
fiquei emocionada, me tocou pessoalmente, Taninha.
Muito intenso.

Beijos!

Samuel Balbinot disse...

Boa tarde Tania.. encontrei teu blog pelo blog do Fred caju. poxa muito bom teus escritos.. tens uma bela sensibilidade para poesias.. e poesia é tudo né.. amores dores alegrias tristezas. já vou te seguir se quiser passar no meu fique a vontade tenhas um lindo dia

lapidandoversos.blogspot.com.br

marlene edir severino disse...

o adeus que que vai se construindo
de adeuses tantos e eclode

mas já era findo

Poeta!!!

Absurdo de lindo!

Beijos, Tânia!

Anônimo disse...

Maravilhoso!!!

dade amorim disse...

Lindo lindo, Tania! Teu poema é inspirador e - talvez - não seja mesmo um adeus para sempre.

Beijo beijo