Imagem: Francesca Woodman
de cima não me vi
ignorei distância
era eu em abismo aéreo
era eu puro mistério
bola de fogo
a arder em agonia.
mas o astro caía
era eu em apatia
buscando por mim
outra parte
essa arte de dividir-me
em luz e sombra.
não voei
rastejei
ao meu encontro
e me toco agora
eu que olhei estrelas
e que hoje te ensino
a textura do chão.
8 comentários:
É sempre uma lavoura a sua poesia a "nos ensinar a textura do chão", mas sem deixar de olhar as estrelas.
beijoss,
Acho que ou é céu ou inferno, a magia da interpretação é que nos deixa em duvida de todos os movimentos, ver em muitos nas texturas inclusive do chão.
E viva os grandes interpretes.
Abraço
essa velha vive sorrateira sob a pele até a hora de nos cravar os dentes
que poema luxuoso, Taninha!
Obrigada! não me canso de agradecer pelos delírios. É vc quem joga a isca e a gente abocanha.
mil beijos, minha queridona
há lugares nossos que, permanecendo fechados, abrem frestas por onde entram todas as criaturas da (nossa) noite. mas, ensiná-las, é sabê-las e com isso a certeza de que todo o sono tem um despertar.
beijo grande, taninha!
eu ia tentar dizer algo, mas o José Carlos já o disse e com muita propriedade,
beijo
Há momentos na vida em que só conseguimos nos (re)conhecer quando
estamos no chão; quando rastejamos
é que sentimos a natureza de nossa textura, até onde vai a nossa resistência, a nossa resiliência, também: "eu que olhei estrelas e que hoje te ensino a textura do chão". Essa capacidade de cair, arder em chamas para depois transformar-se numa pessoa inteira,
é própria de pessoas muito especiais!!!
beijos, Tânia
Só se olha verdadeiramente as estrelas depois de sabermos de onde viemos...
É tão bom embarcar nas suas palavras, Tânia!
Beijo :)
Tocante, como harpa suave cutucando a alma!... que lindo... "era eu puro mistério"... bjos!!!
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