23 de maio de 2011
Ponta da Espada
Quero que não vá
Antes de emendar o cano
Na pia da cozinha
Estancar a água que jorra
Incessantemente
Erguer o saco de sementes
E mover o botijão de gás.
Quero que vá
Quando a força feminina
Estiver plena dentro de mim
E a contraparte dos meus sonhos
[O Anjo Guerreiro]
Acolher-me com asas de fogo
E afagar com a ponta afiada da espada
A minha ferida mais profunda.
Não há razão pra que fique
Depois que Ele
me acenar no início da estrada
Vindo de longe
Em busca dessa metade sofrida
Dessa metade que morre por amor
E sangra mensalmente.
À sua saída
Terei a instalação do chuveiro
Consertada
A cerca do quintal recuperada
Os trabalhos de homem
Que você precisou fazer.
Nas despedidas
Agradecerei pelo aperto
Das porcas
A reforma na parede
O firme nó na rede
A força que eu precisava compreender
A metáfora para esse Anjo Guerreiro
Que já caminha em minha direção...
Assinar:
Postar comentários (Atom)
31 comentários:
Despedida sem saudades,
talvez, apenas, o frasco de conservas sinta sua falta.
que este ser - como o índio de Caetano - se afigure como estrela em uma nova constelação, plena de iguais em suas profundas diferenças,
beijo
..."Não há razão para que fique
Depois que Ele
me acenar no início da estrada"
Li de um só fôlego
E estou ainda sem palavras!
Em algum momento precisava ler um poema desses, estava buscando...
Ei-lo!
Bravo!
Abraço,
Marlene
Excelente!
Leitura mais que expressiva do cotidiano!
Mas... saudade fica sim, talvez não propriamente da pessoa, mas da solidariedade dessa força do Anjo Guerreiro, a cada vez que os olhos insistem em perceber os novos pequenos reparos que se querem urgentes.
Um grande beijo!
despedirse y ya
enorme poema!
mil besos*
Ao despedir-se depois que suas tarefas ferem sanadas, isso é obra de um eterno anjo da guarda.
E todos nós gostaríamos de ter um dentro de nós.
Se fosse afiado e bom de poesias eu diria, é de uma perfeição a narrativa cotidiana desse poema.
Abraço
Um poema feminino, mas não cor-de-rosa; violeta! Gostei muito do fluxo, das idéias, do lirismo arrancado do cotidiano.
Belo poema!
Beijo.
Tânia: Essa despedida depois das tarefas feitas serão uma obra de um doce e eterno anjo. Lindo poema, adorei.
Beijos
Santa Cruz
Ela quer que ele vá. O que não quer dizer que ele foi!
beijos :)
Mesmo conhecendo todo seu talento, ainda me impressiono quendo passo aqui para ler-te. Excelente, Tânia... Como sempre.
Aplausos!
São os detalhes como cantou o Roberto que acaba nos prendendo, a rotina da casa, o conserto do cano da pia, ser refém voluntário de um amor que não mais nosso.
ps-feliz com a volta da sua literatura
Entre o "quero que vá" e o "quero que não vá", - entre concertos e consertos -, vamos nos ferindo. Poema forte, real.
"Quero que vá
Quando a força feminina
Estiver plena dentro de mim
E a contraparte dos meus sonhos
[O Anjo Guerreiro]
Acolher-me com asas de fogo
E afagar com a ponta afiada da espada
A minha ferida mais profunda."
Arrasou, poeta!
Bjs, querida. E inté!
Vi em seu poema - excelente - a eterna expectativa de encontrar o par perfeito enquanto o imperfeito vai servindo. O dia-a-dia enquanto se espera o Grande Dia.
Beijo, Tânia.
rei morto... rei posto!!!
Tânia, por favor, mande-me novamente seu e-mail pois acabei apagando sem querer.
bj!
belo poema mesmo ao lado do quotidiano, a (in)decisao
Beijo
LauraAlberto
Apesar de o amor residir dentro do nosso coração, nunca devemos nos esquecer de que, quando espargimos este sentimento diretamente para alguém, e, e este alguém desaparecer; devemos lembrar que esse alguém perdeu o nosso amor.
Entretanto a perda não foi nossa, pois nosso coração continua espalhando esta luz divina, - Uma luz chamada Amor!
Beijos!...
A vida quotidiana vista pelo lado da emoção de uma despedida...
Muito Bom!
Um beijo.
Querida amiga
As vezes o
que mais queremos
é que a despedida
não ocorra...
Que sempre
existam
sonhos em ti...
Bom dia!
Por acaso encontrei seu blog, e Céus! Adorandoooo!Mto charmosO!
Sua poesia me lembrou uma crônica do Ignácio Loyola Brandão...
AbraÇO
taninha,
algures entre o desejo de permanecer e todas as razões para se partir, o que sobra? porcas e parafusos representam-nos, por vezes, na mais prosaica das verdades. ainda assim, por detrás da sua sombra, há sempre um anjo-guerreiro em incandescência geográfica. mesmo que em metáfora; mesmo que bem longe do olhar.
já tinha saudades de te ler, querida amiga!
beijinho grande!
Tânia, minha querida
Que poema encantador!
Ai, esse coração colocado sobre a balança, com dois pesos e duas medidas, andando sobre a corda bamba da dúvida...
Demais, amiga, grande poeta!
Abraço apertado da
Zélia
querida
adorei tua volta
agora quero ver a volta por ciam....
olha, daqui te velo.....tá?
Verdade amiga, eles só deveriam ir depois que nós recuperássemos a nossa força física e emocional, pois ao nos tornarmos plenas novamente, prá que ficar... Muito lindo, com sua marca.
Saudade de estar aqui, mas estava muito dolorida e digitar praticamente impossível era. Agora bem, retorno ao que mais gosto de fazer, ler coisas lndas como esta.
ah, os até breves, molhados de lágrima e éter.
não me corrijo, taninha.
um dia desses, deixo de tropeçar o lambo o terreno ou me levanto de vez.
vim te deixar um abraço, um afago, um até sempre.
beijao,
r.
Poema bacana. Gostei.
Cumprimentos cinéfilos.
O Falcão Maltês
Ah! Como seria bom receber tantos agradecimentos, tanta atenção. Juro que voltaria e que nunca mais seriam problema os chuveiros, os banhos, as porcas, as espadas e as feridas...profundas.
beijo
Esse poema diz tanta coisa...principalmente que voce é uma grande poetisa .
um beijo!
oi minha flor ousada, violenta violeta, beijo uma pétala que vc deixou de presente lá no céu.
Taninha
AAhh, este Anjo Guerreiro nunca nos deixa só... e com a Ponta da Espada não só afaga as feridas como cicatriza os abraços!
Lindíssima poesia, a rotina marcada a ferro e fogo na pele!
Bom te ter de volta, minha querida!
Bjão
Dá vontade de chorar de tanta lindeza.
Beijo
Postar um comentário