Desafio Poético com Imagens - Arte: Kiyo Murakami
Fui a louca
De vestes negras
A alimentar corvos
À beira de precipícios.
Trancafiaram-me
Na estreiteza do branco
Camisa-de-força dos santos.
Quando os corvos vêm
Nas altas horas da madrugada
Dou-lhes os comprimidos
Que escondo sob a língua
E deliramos juntos: eles são
Pombos e eu sou anjo.
No fundo sabemos
Que é preciso fazer de conta.
Tememos mais o mosteiro
Do que o sanatório:
De modo que é preciso
Confundir os homens de branco
Sem esquecermos de nos
Olharmos nos olhos sempre
Que a razão ameaçar nos alcançar.
11 comentários:
"No fundo sabemos
Que é preciso fazer de conta."
e que título!!!
beijo!
fazer de conta: eis a alquimia da palavra
beijo
Bravo!!!
Desses poemas de levar
ao banho e cantá-lo
debaixo do chuveiro
sob purificação
...
beijo carinhoso,
querida Tania.
Talvez possamos dizer que estamos diante de uma representação através de uma trágica, algo como uma crítica à realidade, pois "no fundo sabemos/que é preciso fazer de conta", Estamos diante de o enfrentamento da existência pela linguagem. Um texto perfeito, Tânia.
beijoss,
Bela poesia.
[intensa,
a imagem derramada,
carne-viva, vivo
retrato a preto e branco
de palavra.]
um imenso abraço, Tania
Lb
É nos subterrâneos da língua que que a poesia manifesta seus delírios, dando ao poeta a opção de
libertá-los das celas da auto flagelação. Tua língua está cada dia mais afiada, mais livre!!
beijos, querida!
Eis um bom poema,Tania!
Um abraço. Tenhas uma boa noite.
belíssimo Tânia, uma linda transcendência
beijos
Arrasou!!! Uma oração e tanto...
Beijo, Violeta*
palavras escarpadas a encimar ritos, ritmos e rumos para todos os (acon)teceres... não importa sobre que forma.
beijinho!
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